quarta-feira, 13 de maio de 2009

Novo Membro | Miguel Reis

A partir desta semana iremos contar com o contributo do Miguel Reis. Decidimos fazer o convite no intuito de acrescentar um membro qualificado em fotografia, e que seja um importante aliado nas reportagens que iremos dinamizar nos próximas semanas.
O blog irá continuar a procurar membros que possam acrescentar experiências e conhecimento no melhoramento contínuo do H20+something .

domingo, 10 de maio de 2009

Vodka - Doseamento de carbono orgânico - Parte I

TEMA: Vodka, doseamento de carbono orgânico num Reef

Autor: Ricardo Pinto

O doseamento de uma fonte de carbono para induzir o metabolismo bacteriano e consequentemente reduzir os valores de Amónia, Nitrito, em última instância o Nitrato (NO3) e Fosfato (PO4), tem vindo a ganhar alguma popularidade em vários fóruns. O número de produtos actualmente disponíveis estão a aumentar: Zeovit, Prodibio, Elos... etc.
Observei tantos comentários e aquários com sucesso que há 4 meses quando iniciei o meu novo reef, decidi utilizar Vodka + Prodibio.

Porquê Vodka?
A vodka, através do etanol (CH3 CH2OH), vai servir como fonte de carbono orgânico, pode também utilizar-se açúcar ou vinagre.

Porquê dosear carbono orgânico?
O objectivo de dosear carbono orgânico é reduzir o excesso de nutrientes, nomeadamente NO3 e PO4, através do metabolismo e aumento da biomassa bacteriana presente num aquário de recife. Com esta redução pretende-se eliminar algas e reduzir a densidade de zooxantelas nos corais, tornando o aquário mais "limpo" e colorido.

Perigos de dosear Vodka?
O doseamento excessivo de etanol no aquário, para além de ser tóxico, poderá criar um boom bacteriano e daí consequências indesejáveis para o sistema, tais como descida brusca no pH e a formação de um "filme" na água, tipo leitoso, correspondente ao aumento exagerado da biomassa bacteriana.

Como fazer um doseamento balanceado de carbono orgânico?
Em primeiro lugar precisamos dum bom escumador para mantermos uma boa oxigenação e conseguirmos exportar os nutrientes. Devemos na mesma manter um regime apertado de TPA's. Recomendo também o uso regular de carvão activado, a água com este método poderá ficar mais amarelada, outra solução é usar um ozonizador.

Eu pessoalmente adoptei o seguinte esquema de doseamento:

- Vodka (mais barato que encontrei, tem 40% de alcool)
- Uma seringa de 10ml
- Um kit de 12 ampolas Biodigest da Prodibio (fonte de bactérias)




Começa-se por dosear 0,1ml de Vodka para cada 100L por dia na primeira semana (o meu reef tem 750L, deu mais ou menos 0,7ml por dia).
Na 2ª semana duplica-se a dose para 0,2ml/100L por dia.
Na 3ª semana aumenta-se 0,5ml por dia em relação à dose diária da 2ª semana, independentemente da Litragem do aquário.
Se no final de cada semana os valores de Nitrato e Fosfato não estiverem próximos de zero, aumenta-se em 0,5ml a dose diária. Ou seja, adicionamos por exemplo 2,1ml de vodka por dia, no final da semana medimos o NO3 e o PO4, se continuarem altos, na semana seguinte doseamos 2,6ml/dia até voltarmos a fazer os testes semanais.
Quando os valores estiverem próximos de zero, vemos quanto estávamos a dosear diariamente, dividimos por dois e temos a nossa dose de manutenção. Por exemplo, imaginem que estavam a dosear 3,0ml/dia, no final da semana fazem os testes e têm os
valores próximos de zero, dividem 3,0ml por 2 e ficam a dosear 1,5ml/dia.

(OBS: Atenção que a vodka que usei era de 40%, se usarem mais forte, têm de fazer um ajuste na dose)

Relativamente à adição de ampolas da Prodibio, sigo mais ou menos as recomendações do fabricante e adiciono uma ampola a cada 15 dias.

Faço isto há 20 semanas e em termos de controlo de nutrientes e controlo de algas estou muito satisfeito com os resultados. Acho que consegui acelerar a maturação do meu aquário.

Todas as semanas meço 8 parâmetros do aquário (pH, KH, Ca, Mg, NO3, PO4, Temp. e Salinidade), até agora têm estado muito estáveis e próximo dos níveis óptimos.





A partir deste momento vou começar a reduzir a adição de vodka e ficar 20 semanas sem fazer qualquer doseamento de carbono. Depois irei fazer novo post com a evolução.

terça-feira, 5 de maio de 2009

O “Envelhecimento” dos aquários parte 2




















Tema: O “Envelhecimento” dos aquários parte 2
Sub-Tema: Nitrato / Elementos vestigiais

Autor: Nelson Pena

Origem do Nitrato
Muitos dos aquaristas estão familiarizados com as implicações do Nitrato (NO3-) e a necessidade de incorporá-lo no ciclo do nitrogênio em que a amônia (NH3) è oxidada para Nitrito (NO2-) que por sua vez se converte em Nitrato (NO3-) através da acção de bactérias nitrificantes (Nitrosomas sp /Nitrobacter sp) .

Conversão de Amônia para Nitrito
NH3 + 3/2 O2 ∗ NO2- + H+ + H2O


Conversão de Nitrito para Nitrato
NO2- + 1/2 O2 ∗ NO3-

Sintomas de Nitrato
A filtragem biológica assume especial importância na rapidez de resposta as excreções da urina dos habitantes (rica em amônia NH3), contudo é necessário criar as condições ideais para responder a acumulação de nitrato e a acidificação da água resultante da conversão de amônia para nitrito.
A acumulação de nitrato em concentrações superiores a 0.5 ppm surge normalmente associado ao aparecimento de algas, dinoflagelados e sobretudo ao escurecimento e descoloração nos corais SPS (small polyp scleractinia) motivado pela multiplicação das algas simbiontes . Estudos sustentam que Concentrações de nitrato superiores a 0.8 ppm inibe directamente a calcificação dos corais duros, aumentando a quantidade de pigmentos fotossintéticos (clorofila) e diminuindo o ritmo de crescimento do esqueleto calcário.


Controlo/Exportação de Nitrato (nitrogênio)
O controlo das entradas de alimento é essencial, com isso é possível criar melhores condições de sustentabilidade das concentrações de nitrato,a racionalidade e o aproveitamento da alimentação é fulcral e tende a revelar-se determinante e insere-se na temática da acumulação de compostos orgânicos.
O uso do escumador, bem como o uso de macro algas são dentro da minha orientação fundamentais dentro de um política de equilíbrio e controlo/exportação de Nitrogênio.
Outro dos aspectos que tenho estudado nos meus aquários é a importância da existência de Nitrato no sistema (Concentrações abaixo de 0,1 ppm), o uso de nitratos em baixas concentrações é benéfico pelo fornecimento de alimento aos corais repercutindo-se no aumento da expansão do pólipo além de cores mais intensas e melhoras taxas de crescimento. Geralmente utilizo Nitrato de Cálcio Ca(NO3)2 ou Cloreto de Amônia (NH3Cl) como fonte de Nitrato.

Elementos Traço/Vestigiais
Os elementos traço ou vestigiais como gosto de chamar são elementos presentes na água em quantidades reduziadas e diferenciadas. Infelizmente o seu consumo é extremamente variável face a tipologia de habitantes e suas espécies.
Os elementos vestigiais presentes na água tem objectivamente funcionalidades diferentes quer na vertente biológica quer na importância química no metabolismo dos animais. Apenas com um laboratório ao dispor dos nossos aquarios seria possivel repor cada um desses elementos em quantidades equiparadas com os consumos desses mesmos elementos. O conceito de reposição “meio-termo” dos elementos vestigiais adoptado pela maioria dos aquaristas baseado numa suposição diária de consumo referenciado pelas empresas de suplementos marinhos tem-se revelado sem rigor e perigoso quanto as desregulações e a toxicidade de alguns dos mesmos elementos.
Com o passar dos meses e anos os aquários aparentemente vão-se revelando mais equilibrados, contudo essa ideologia tem de ser abandonada pois a acumulação de nutrientes associada a desregulação e acumulação de elementos químicos tóxicos requer do aquarista um maior poder de decisão. Muitas das mortes ocasionais sem aparente razão ou mesmo fenómenos estranhos são resultado de processos e reacções químicas que por vezes transcendem o normal controle dos nossos sistemas.
Hoje já é possível ter controle sobre alguns dos mais importantes elementos vestigiais através de kits de testes convencionais. Testes sobre o Iodo, Potássio, Boro, Sílica, Ferro, Cobre são importantes aliados no controle minucioso sobre o consumo/acúmulo tendo em conta as implicações sérias que têem no sistema.
Contudo existem outros elementos (Zinco, Arsénio, Níquel, Vanádio…) que pela sua toxicidade e perigosidade para o sistema requerem controles anuais em testes laboratoriais. Testes que assumem importância capital em aquarios envelhecidos em que as desregulações serão mais previsíveis.
Controlar algo tão complexo como um ecossistema marinho requer o uso constante dos melhores e mais precisos instrumentos ao dispor e nesse aspecto o uso de testes labotoriais periódicos são muito importantes na sustentabilidade de um aquario saudável.
O uso das trocas de água continuam a ser o mais preciso meio de regulação dos parâmetros químicos. No caso específico dos elementos traço a maioria das marcas de Sal disponíveis no mercado tem revelado diferentes concentrações de diferentes elementos traço. A rotação das mesmas marcas de sal nas trocas de água surge como um excelente recurso, tendo em conta as oscilações frequentes nas concentrações dos elementos químicos.

Publicado in "BioAquaria"